Título: Composição nutricional e propriedades funcionais do murici (Byrsonima crassifolia) e da moringa (Moringa oleifera)
Autora:
Érica Sayuri Siguemoto - Orientadora:
Profa. Dra. Deborah Helena Markowicz Bastos
Instituição:
Universidade de São Paulo Faculdade de
Saúde Pública - Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em
Nutrição em Saúde Pública para obtenção do título de Mestre em Ciências.
Ano: 2013
RESUMO INFORMATIVO
BIODIVERSIDADE,
ALIMENTOS E NUTRIÇÃO
O aspecto mais marcante da Terra é a existência da vida,
e uma característica relevante é sua diversidade. [...] Nesta mesma década
houve o aumento de estudos sobre a importância de espécies vegetais nativas
como fontes de micronutrientes e metabólitos secundários.
A diversidade pode ser constatada por 9 milhões de tipos
de plantas, animais e microrganismos que habitam na Terra, além de 7 bilhões de
pessoas. É estimado que cerca de 7000 espécies vegetais são comestíveis.
Contudo, durante as últimas décadas, a alimentação está restrita a um número
reduzido de espécies de animais e de grãos, como: arroz, milho e trigo, que
respondem pela maior parte das calorias consumidas pelos humanos.
A dificuldade de acesso a alimentos e dietas adequadas
representa um problema à população, pois depender de um pequeno número de
espécies para alimentação acarreta um preocupante quadro de insegurança
alimentar e nutricional.
No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) mostram que no período de 1974 a 2003 houve redução da aquisição
de alimentos como arroz, feijão, carne bovina e frango, e um aumento de
alimentos industrializados. Além disso, estudos indicam a insuficiência no
consumo de frutas, legumes e verduras na dieta do brasileiro e, como
consequência, observa-se a deficiência de micronutrientes como vitamina A, C,
E, K e D, cálcio, magnésio e zinco. Esta deficiência de micronutrientes pode
estar relacionada ao agravamento de doenças crônicas não transmissíveis (como
doenças cardiovasculares, diabetes melito tipo 2, síndrome metabólica,
hipertensão, e alguns tipos de câncer) e associação com a obesidade.
Sabe-se que uma dieta adequada atua na manutenção da
saúde e maximiza a longevidade, previne deficiência de nutrientes, reduz o
risco de doenças crônicas relacionadas à alimentação, e deve ser composta de
alimentos que estejam disponíveis, sejam seguros e sensorialmente agradáveis.
Um dos grandes desafios da saúde pública é aumentar o
consumo de frutas e vegetais que sejam fontes de algumas classes de substâncias
bioativas. Entre os fatores que podem influenciar a inclusão destes alimentos
na dieta regular, estão: a disponibilidade, a facilidade e rapidez no preparo,
o hábito alimentar e o acesso.
Ações para incentivar o uso de plantas espontâneas vêm
sendo coordenadas pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio do Projeto de
Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira
(PROBIO), que lançou uma Carta Consulta com a finalidade de selecionar
propostas visando à realização de um diagnóstico para identificação,
priorização e divulgação de informações sobre plantas nativas com potencial
para comercialização.
MORINGA
(Moringa oleifera Lam.)
Moringa
oleifera Lam.,
pertencente a família Moringaceae, é uma planta nativa da Índia e hoje
encontra-se em várias áreas tropicais e subtropicais, como Filipinas, Camboja,
América Central, América do Norte, América do Sul e ilhas do Caribe. Em 1950, a
moringa foi introduzida no Brasil como planta ornamental, e desde então tem
sido difundida. É encontrada na região Nordeste, principalmente nos estados do
Maranhão, Piauí e Ceará. É conhecida como lírio-branco, quiabo-de-quina ou
moringa. Árvore de rápido crescimento, quando adulta o tamanho
varia de 5 a 10 metros de altura. Esta árvore possui capacidade de crescer em
terras quentes e secas, e solos pobres em nutrientes.
As folhas são bipenadas com sete folíolos pequenos em
cada pina. As flores são relativamente grandes, perfumadas, de cores creme ou
branca, são agrupadas em inflorescências terminas do tipo cimosa. Em regiões em
que o índice pluviométrico é maior que 600 mm por ano as árvores estão sempre
floridas. Os frutos são vagens pendulares, possuem cor verde a marrom
esverdeado, formatos triangulares e se quebra longitudinalmente em três partes
quando secas. Cada vagem pode conter 10 a 20 sementes, estas são globóides,
escuras por fora e contêm em seu interior uma massa branca e oleosa.
As folhas de moringa são ricas em β-caroteno, proteínas,
vitamina C, cálcio e potássio. Folhas, flores e sementes da Moringa oleifera
são consideradas fonte natural de antioxidantes.
Na medicina
indiana, há relatos de propriedades medicinais atribuídas para várias partes da
árvore. ANWAR e colaboradores (2007) descrevem o uso medicinal da folha da
moringa como: purgativo, analgésico, anti-inflamatório e o suco da folha de
moringa é utilizado com finalidade de controlar os níveis de glicose.
As folhas de moringas in natura têm sabor
agradável, podem ser consumidas cozidas em: sopas, bolos, pães e guisados. A
vagem pode ser usada verde e fresca, e quando cozidas tem sabor parecido com
ervilhas. As sementes podem ser torradas ou cozidas com sal.
No Brasil, a farinha da folha desta espécie é utilizada
pela Pastoral da Criança, em estados do Norte e Nordeste do país para
alimentação de populações com carências nutricionais. No interior de São Paulo
(Marília) há um projeto “Moringa oleifera – A árvore da vida” em
parceria do Trees for Future e do Instituto Sócio Ambiental Árvores para
o Futuro (ISAAF) que utiliza a farinha da folha de moringa em escolas do estado
de São Paulo.
JUSTIFICATIVA
O presente
estudo visa incentivar o consumo do murici e da farinha da folha de moringa,
capazes de disponibilizar substâncias que auxiliam na manutenção da saúde. Os dados de
composição e de funcionalidade poderão ser empregados para políticas públicas
de promoção da saúde da população que visem propiciar o acesso da população a
alimentos de origem vegetal de qualidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CARACTERIZAÇÃO
FÍSICO-QUÍMICA
O teor médio de
proteína presente foi de 24,5 g por 100 g de farinha de folha de moringa. Este
valor é coerente com o relatado na literatura por SHIH e colaboradores (2011)
(24,4 – 25,3%) e MOYO e colaboradores (2011) (30,3%). A folha de moringa possui
valor elevado de proteina quando comparado com outros vegetais, entretanto
estudos são necessários para determinar composição dos teores de aminoácidos
presentes nas proteinas da farinha da folha de moringa, bem como sua
biodisponibilidade.
Quanto aos
minerais, o cálcio predominou em quantidade aos demais, seguido do potássio,
enxofre e magnésio. [...] os teores de minerais variam durante os diversos períodos
do ano. Fatores climáticos e formas de cultivo interferem na composição de
nutrientes, consequentemente há variação de macro e micronutrientes. Destaca-se
a importância das tabelas nacionais de composição de alimentos conterem dados
de espécies vegetais produzidos e consumidas na região.
No estudo foram
identificados sete ácidos graxos na farinha da folha de moringa, os quais em
média 69,4% são ácidos graxos poli-insaturados.
O ácido
linolênico é o ácido graxo encontrado em maior proporção na farinha da folha de
moringa. Este é o precursor dos ácidos graxos poli-insaturados da série ω-3 de
cadeia mais longa, este ácido não pode ser sintetizado pelos animais, inclusive
o homem, portanto é considerado ácido graxo essencial.
Os demais
ácidos graxos insaturados encontrados foram: linoleico e o docosaexaenoico. O
ácido linoleico é precursor dos ácidos graxos poli-insaturados ω-6 de cadeia
mais longa, também considerado ácido graxo essencial. O ácido graxo
poli-insaturado da série ω-3, ácido docosaexaenoico (DHA), presente na farinha
da folha de moringa, apresentam ação anti-inflamatória, uma vez que diminuem a
expressão de citocinas pró-inflamatórias.
No final dos
anos 90 destacou a importância de reduzir o consumo dos ácidos graxos poli-insaturados
ω-6, e aumentar a ingestão de ω-3 visando à saúde e funcionamento
cardiovascular adequado. Portanto, aumentar a ingestão de ácidos graxos
poli-insaturados ω-3, e diminuir o consumo de ácido linoleico (SIMOPOULOS et.
al., 1999). A farinha da folha de moringa apresenta grande quantidade de
ácidos graxos poli-insaturados da série ω-3 (ácido linolênico), podendo
contribuir para a melhora da proporção ω-6/ω-3.
VITAMINA C
Na amostra de
farinha da folha de moringa não foi detectado (abaixo do valor mínimo de
detecção de 254,1 ng mL-1) ácido ascórbico. Ausência de
vitamina C na farinha da folha de moringa pode estar relacionada ao
procedimento utilizado na preparação e produção da farinha. O ácido ascórbico é
um composto muito instável e pode ter sido degradado durante o processamento,
presença de oxigênio, e por enzimas presentes naturalmente na matriz do
alimento.
CAROTENOIDES
Todos as
amostras de farinha da folha de moringa apresentaram elevada quantidade de
carotenoides totais (entre 358 a 436 mg 100 g-1 de amostra), com predominância
de luteína.
A farinha da
folha de moringa apresenta teores elevados de luteína se comparado com outros
alimentos considerados fontes, como couve cru (39,55 mg 100 g-1 matéria
fresca), couve cozida (15,99 mg 100 g-1 matéria fresca), espinafre cru (11,93
mg 100 g-1 matéria fresca). E, o teor de β-caroteno é elevado se comparado com
vegetais, como brócolis (9,8 mg 100 g-1 matéria fresca), folha do aipo (5,5 mg
100 g-1 matéria fresca), couve (3,5 mg 100 g-1 matéria fresca), e chicória (4,9
mg 100 g-1 matéria fresca).
O teor de
luteína encontrada na farinha de folha de moringa é estatisticamente igual para
todos os meses analisados, enquanto a β-criptoxantina e β-caroteno varia
significativamente entre os meses de coleta. RODRIGUEZ-AMAYA e colaboradores
(2008) relataram que há diferenças qualitativas e quantitativas de
carotenoides, e estas podem estar relacionadas a fatores como: cultivar,
variedade, maturidade no momento da colheita, clima, região de cultivo, parte
da planta utilizada, condições durante a produção agrícola e condições
pós-colheita.
O consumo regular
do alimento com luteína está relacionado com baixo risco de doenças
cardiovasculares, prevenção de alguns tipos de câncer, catarata e degeneração
macular e envelhecimento. O consumo de cerca de 10 g de farinha de moringa por
dia irá fornecer cerca de 30,4 mg de luteína.
ATIVIDADE DE
INIBIÇÃO DE LIPASE PANCREÁTICA
Ao comparar com
o controle positivo (IC50 = 0,31 μg mL-1 ) pode-se verificar que os extratos da
farinha de moringa apresentam baixa atividade de inibição.
Não há relatos
de inibição da lipase pancreática da farinha da folha da moringa, ou em alguma
parte da planta estudada.
ATIVIDADE
ANTIGLICAÇÃO: SISTEMA MODELO ALBUMINA SÉRICA BOVINA (BSA)
Os extratos da
farinha da folha de moringa apresentaram potencial de inibição da formação de
produtos finais da glicação.
Todos os
extratos da farinha da folha de moringa puderam inibir a formação de produtos
de glicação.
CONCLUSÃO
A farinha da
folha de moringa possui alto teor de proteína, cálcio, potássio e fibras.
Também possui elevado teor de carotenoides, destacando a luteína e β-caroteno.
No extrato da farinha de moringa foi identificado ácido clorogênico e rutina;
apresentou atividade antioxidante, principalmente pelo método de DPPH. Os
resultados mostraram que o extrato da farinha de moringa possui baixa atividade
de inibição da lipase pancreática. O extrato da folha de moringa foi capaz de
inibir a formação de AGEs pelo sistema BSA/metilglioxal.
O murici e a
moringa são espécies vegetais com nutrientes adequados para a dieta do
brasileiro, devido às características nutricionais apresentadas neste trabalho.
Gostaria de saber se consumir as folhas batidas em suco ,o resultado será o mesmo da farinha
ResponderExcluirConforme as pesquisas aqui na internet comer como salada ou bater com sucos é melhor ainda.
ExcluirGostaria de saber se consumir as folhas batidas em suco ,o resultado será o mesmo da farinha
ResponderExcluirvou incluir no meu suco verde.
ResponderExcluirMuito obrigado pela maravilhosa postagem! Acrescentei este link a outros que compartilhei numa postagem que fiz sobre a planta em um dos meus blogs educativos, além de compartilhá-lo no Facebook!
ResponderExcluirhttp://alternativearth.blogspot.com.br/2016/07/alem-da-maravilhosa-ora-pro-nobis.html
Muito obrigado pela maravilhosa postagem! Acrescentei este link a outros que compartilhei numa postagem que fiz sobre a planta em um dos meus blogs educativos, além de compartilhá-lo no Facebook!
ResponderExcluirhttp://alternativearth.blogspot.com.br/2016/07/alem-da-maravilhosa-ora-pro-nobis.html
Olá bom dia
ResponderExcluirTemos folhas desidratadas de Moringa
Sementes para uso medicinal
Cápsulas
85996689951
Moringa oleifera em forma de capsulas apresentam os mesmos resultados do produto consumido em forma de farinha?
ResponderExcluirsim, prefira o chá
ExcluirGOSTARIA DE SABER MUITO MAIS SOBRE A MORINGA !
ResponderExcluir